sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Para a menina que foi embora.


Odeio admitir, mas eu sinto falta de você. Sinto falta da sua voz docinha feito casadinho, que tagarela sobre tudo exceto as coisas que realmente fazem casa em seu coração. Sinto falta da maneira como você troca a ordem das palavras quando está nervosa, como cobre o sorriso tão lindo com as mãos e fica com as bochechas avermelhadas feito uma criancinha quando ri. Eu sinto falta da sua agitação sem propósito, como uma borboleta em um jardim que fica voando de flor em flor pelo mero prazer de bater as asinhas coloridas, como se você fosse incapaz de se manter quieta por mais de um momento de cada vez... E também sinto falta do quão observadora você é, de como você consegue ver até mesmo os suspiros que eu tento conter, da sua mania infinita de ver arte em cada detalhezinho do mundo, por mais sem graça que seja. Sinto falta dessa sua maneira única de fazer uma observação completamente fora do assunto discutido e depois voltar à conversa como se nada tivesse acontecido, desse seu sexto sentido que capta o essencial mesmo quando esse não é dito. Sinto falta do seu corpo pequenino e gracioso, leve feito corpo de passarinho, que cabe tão bem no me abraço, que esquenta minhas mãos e meus pés tão frios. Sinto falta dos seus livros de Caio Fernando, Clarice Lispector e Fernando Sabino, sua poesia de Vinicius de Moraes, Mário Quintana e Charles Baudelaire, seu encanto por filmes em preto e branco e músicas das décadas de 60 e 80. Sinto falta das suas camisas de super-heróis, de seus All Star, de suas meias e brincos diferentes entre si, daquele cacho teimoso que cai sobre seus olhos a cada poucos minutos e que você assopra pra longe com um revirar de olhos encantador. Sinto falta de me perder em seus olhos castanhos e ininteligíveis, de sua tentativa vã de ficar brava comigo, de te ver dormindo na minha cama, como um anjinho ladrão de travesseiros. Odeio admitir, mas sinto falta de cada detalhezinho de você, de cada tom que sua presença dava à minha vida. Odeio admitir, mas sinto sua falta como se me faltasse... Amor.

"O meu desafio é andar sozinho
Esperar no tempo os nossos destinos
Não olhar pra trás, esperar na paz o que me trás
A ausência do seu olhar

Traz nas asas um novo dia
Me ensina a caminhar
Mesmo eu sendo menino, aprendi

Oh, meu Deus, me traz de volta essa menina
Porque tudo que eu tenho é seu amor
João-de-Barro, eu te entendo agora
Por favor, me ensine como guardar o meu amor..."

(João de Barro - Leandro Léo)

1 comentários:

Jéssica Monalisa disse...

Sempre assim, os amores vão e as lembranças ficam...