sexta-feira, 16 de março de 2012

Palavras de amor

Existe paz. Foi essa a descoberta que fiz em seus braços. E mais: Existe, também, o paradoxo, como a paz que só surge quando todo o meu ser está atormentado por arrepios e arritmias, por mãos que tremem e um nervosismo que fecha a garganta e nubla a mente - existe paz na sua presença... E somente na sua presença. Foi com a cabeça em seu colo e seus dedos afundados em meus cabelos, deixando as batidas do seu coração ditarem o ritmo da minha respiração, que fui inteiro pela primeira vez em todos os meus anos de vida. Foi quando minha fragilidade de menino estava mais claramente exposta que, enfim, me vi forte, me vi homem. Me vi seu. Sua existência em minha vida me transformou de tufão em brisa de primavera - não preciso ter razão se tenho você, não consigo perder a paciência com o mundo quando olho para o lado, me deparo com seu rosto e perco a fala e o sentido. Foi me dispondo a te carregar em meus ombros que me tornei leve. Foi abrindo meus braços, meus olhos e minha alma para que você pudesse conhecer cada um dos meus vícios e fraquezas que me senti um herói sob o seu olhar. Existe beleza, foi o que você me mostrou ao nascer em mim. Não é preciso deixar de acreditar em magia para ser adulto - não é preciso amargura, não é preciso desistir dos sonhos. Então, eu continuo a flutuar, tentando a doçura de tempos em tempos em meio a esse meu gosto por café preto. E eu aprendi, nos reflexos cor-de-ouro dos seus olhos, a dançar no ritmo do menino-homem que sou e quero ser. Não há momento em que eu seja mais "eu" que quando estou com você.

Existe você, foi essa a grande descoberta que fez nascer em mim um cravo cor-de-rosa, uma coragem cor-de-esperança e uma fé cor-de-amor que eu não sabia poderem existir. Talvez só possam porque existe você. Só posso porque existe você. Eu e você.

(À minha Carolina)


"If Heaven and Hell decide
That they both are satisfied
Illuminate the 'no's' on their vacancy signs
If there's no one beside you
When your soul embarks
Then I'll follow you into the dark..."

(I'll follow you into the dark - Death Cab For Cutie)

sábado, 10 de março de 2012

Ao mestre, com carinho...

- Mãe... Quero fazer faculdade de Letras.
- Letras?
- É, Letras.
- Mas quem faz Letras não vira... Professor?
- É.
- Tem certeza disso?
- Tenho, mãe.
- Quando tomou essa decisão?
- Já vinha pensando há um tempo...
- Mas você já analisou as outras opções?
- Já, mãe.
- Publicidade? Design? Comunicação?
- Letras.
- Mas... Você vai ser professor.
- Eu sei.
- Quem foi que enfiou isso na sua cabeça?
- Ninguém, fui eu que tomei minha decisão!
- Foi algum dos seus professores, não foi?
- Não...
- O que eles tem te falado? Porque é mentira!
- Mãe...
- Professor não ganha bem, professor não pode...
- Mas eu quero ser professor! Eu amo ensinar, eu amo a palavra, eu quero fazer Letras! Por que não posso fazer o que amo?
- É claro que pode, filho...
- Finalmente!
- Mas você tem certeza que já considerou Ciência da Computação? Direito? Artes Cênicas?

Agora eu pergunto: O que seriam todos os médicos, advogados, engenheiros, atores, publicitários, arquitetos, cientistas e o escambau sem os professores? Analfabetos.
Hora de começar a rever seus valores, Brasil...