domingo, 20 de março de 2011

Um garotinho distraído e algo sobre amor...

- E no que você tanto pensa, garotinho distraído?

- Nela...

- O que tem ela?

- Nada... É só que eu percebi que não quero ninguém além dela.

- Ninguém?

- Ninguém. Não quero o sorriso de mais ninguém colado no meu. Não quero o cheiro de mais ninguém na minha camisa. Não quero mais ninguém me dizendo que sou meio maluco por querer ser médico. Não quero pensar em fugir dessa cidade com mais ninguém... É dela que eu gosto... De cada detalhezinho dela.

- É?

- É. Gosto do jeito como ela passa os braços pelo meu pescoço quando ponho as mãos na cintura dela. Gosto do jeito como ela me pirraça e depois me puxa e me beija. Gosto do jeito como ela fica nervosa perto dos meus pais. Gosto de quando ela diz que sempre detestou médicos e eu respondo que também nunca gostei de advogadas, adoro pensar ninguém consegue explicar porque a gente se ama...

- Então... Você gosta mesmo dela.

- Gosto. Amo. E eu sei que você acha isso errado, mas não tem nada que eu possa fazer... A gente não escolhe de quem gosta e, por alguma razão, meu coração decidiu que é por ela que quer bater todos os dias.

- Não acho errado.

- Não?

- Não. Qualquer um que veja o modo como você olha para ela e diga que isso é errado não passa de um idiota que não sabe nada de amor. Pode continuar a pensar nela, garotinho distraído... Pode continuar a pensar nela que o mundo gira mais devagar quando a gente pensa em quem a gente ama.


"Será que você vai saber o quanto penso em você
Com o meu coração?
A gente quer um lugar pra gente
A gente quer é de papel passado
Com festa, bolo e brigadeiro
A gente quer um canto sossegado
A gente quer um canto de sossego...
Estou pensando em casamento
Ainda não posso me casar...
Eu sou rapaz direito
E fui escolhido pela menina mais bonita."


(O Descobrimento do Brasil - Legião Urbana)

sábado, 12 de março de 2011

Das coisas que só um sorriso diz...

Ele não conseguia manter os olhos longe dela por mais de meio minuto de cada vez. E não conseguia impedir seus lábios de se curvarem em um sorrisinho enigmático. Ela? Ela sempre terminava perguntando por que ele sorria. Ele não lhe respondia - apenas alargava o sorriso. Ela lhe fazia uma cara feia e mandava que ele parasse de olhá-la daquela forma. E ele tentava... Tentava por mais meio minuto. Então, tornava a observá-la e sorrir. Agora você deve estar se perguntando: "E por que ele sorria?". Ora, mas não é óbvio?

Ele sorria porque ela era linda - e parecia, de alguma maneira, ainda mais brilhante naquele dia. Sorria porque queria que ela soubesse disso, mas não conseguia encontrar voz, palavras ou coragem para dizer a ela. Sorria porque ela havia conhecido seus pais e ele sabia que aquilo mudava alguma coisa. Sorria porque seu coração estava batendo estranhamente irregular. Sorria porque o perfume dela tirava os seus pés do chão a cada vez que ela chegava perto demais. Sorria porque queria chegar mais perto. Sorria porque não sabia direito como dizer nada daquilo e tinha esperanças de que um sorriso talvez fosse suficiente para fazê-la entender.


"When  I see your face
There's not a thing that I would change
'Cause you're amazing just the way you are
And when you smile
The whole world stops and stares for a while
'Cause, girl, you're amazing just the way you are..."

(Just the way you are - Bruno Mars)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Divagações, café e palavras cruzadas...

Eu sou ridiculamente complicada.
Você é ridiculamente complicada.
Ninguém mais acredita que a  gente possa fazer isso dar certo.
Então por que eu ainda quero desesperadamente mudar por você, voltar pra você e ser o príncipe encantado que você sempre mereceu?

Acho que é porque eu não sabia voar...
Aí eu te conheci.
E meus pés nunca mais tocaram o chão.


"- Diga que eu sou um pássaro!
- Não!
- Diga que eu sou um pássaro!
- Você é um pássaro.
- Isso! Agora diga que você também é um pássaro.
 - Se você é um pássaro, eu sou um pássaro. ♥"



(Diário de uma paixão)

domingo, 6 de março de 2011

"This night is sparkling, don't you let it go..."

- Acho que já está boa. - O garoto afirmou, atravessando a cozinha e girando o botão do fogão até que o fogo, já baixo, deixasse de existir.

A verdade é que ele não fazia ideia, mas queria fazer de conta que sabia alguma coisa... Só para impressionar a garota que sentava-se no banquinho de metal do outro lado do aposento, sorrindo-lhe enquanto ele levava a pipoqueira para a pia. Dizer que ele era inexperiente na cozinha seria um eufemismo ridículo para a realidade - ele não se lembrava da última vez que tocara uma panela. Descuidado, puxou a tampa - o bafo quente lhe queimou os dedos e ele gemeu, dando um passo involuntário para trás.

- Cuidado! - Advertiu a garota, levantando-se do banquinho e aproximando-se, um meio sorriso plantado em seus lábios... Provavelmente porque ele era tão, tão desajeitado. - Isso queima.

- Percebi. - Resmungou o garoto, jogando a tampa de qualquer jeito na pia. Ela ainda sorria. Ele não conseguia se manter sério.

Virou a panela devagar sobre a tigela transparente e a pipoca despejou-se, obediente, dentro da mesma. Ele sentiu-se ligeiramente vitorioso - aquela era, provavelmente, a primeira coisa certa que ele fazia! Um milho estourou tarde, pulando diretamente da panela para o seu pé descalço. Ele  gritou, frustrado, soltando a panela e praguejando. A garota curvou-se, tentando continuar de pé apesar do acesso de risos que lhe envolvia.

- Não ria! - Ele mandou, emburrado, amaldiçoando mentalmente o maldito milho atrasado. Não obteve sucesso. - Está doendo, sabia?

Ela não pareceu se importar com o seu drama. Ele então aproximou-se, beliscando-lhe a cintura por sobre a camiseta. Ela riu. Ele também. E eles valsaram desajeitadamente pelo cômodo, enquanto ele tentava alcançar a cintura dela e ela buscava uma forma de segurar as mãos dele. Terminaram abraçados, entre risos e beliscões. Voltaram para o sofá, para qualquer que fosse o programa que estava passando na televisão - ele não saberia dizer.

- Feche os olhos. - Ela mandou, um sorrisinho sapeca brilhando em seu olhar, uma pipoca segura firmemente entre seus dedos. Ele reclamou. Ela repetiu. Ele obedeceu.

Esperou a pipoca. Ganhou um beijo gelado, com gosto de Coca-Cola e um quê de inconsequência - de algo que nenhum dos dois sabia se era certo, mas que ambos sabiam que era bom. Abriu os olhos... Riram. Ela aninhou-se em seu abraço. Ele não saberia dizer o que estava passando na televisão.


"Kiss me beneath the milky twilight
Lead me out on the moonlit floor
Lift your open hand
Strike up the band and make the fireflies dance
Silver moon's sparkling
So kiss me..."

(Kiss me - New Found Glory)

quinta-feira, 3 de março de 2011

"Me chamam de louco em um mundo onde os certos fazem bombas."

E em noites como essa, quando me perco no brilho das estrelas que sequer posso ver, não consigo deixar de pensar: Me chamam de louca, mas são eles que insistem em julgar sem conhecer e matam por prazer. Dizem que estou errada, mas são eles que parecem incapazes de encontrar o próprio caminho sem destruir todos que estejam por perto. Dizem que sou fraca, mas são eles que parecem não ter lágrimas para chorar.

Será isso que os leva a criar bombas e brincar de preconceito e assassinato? Será que isso os faz sentir reais já que são bons demais para sentir dor e crescer, como nós, simples "loucos"? Será que se sentem completos destruindo o céu já que não possuem nenhuma estrela-guia nas noites frias?

Se o conceito deles de "louca" significa "humana", então, acho que gosto de ser louca... E sinto muito pelos que não são.


"So raise your glass if you are wrong,
In all the right ways,
All my underdogs,
We will never be, never be anything but loud
And nitty gritty, dirty little freaks
Won't you come on and, come on and raise your glass?
Just come on and, come on and raise your glass"

(Raise your glass - Pink)