sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"Quando você acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas!"

De repente, meu mundo está de cabeça para baixo... E eu não consigo entender porque as coisas parecem tão certas agora, mesmo que não façam nenhum sentido. Não consigo entender porque estou adorando cada segundo. Não consigo entender porque não paro de sorrir.

Meu mundo está de cabeça para baixo e eu estou amando a sensação.
Não faz sentido, mas eu realmente espero que não acabe.


"And I'm longing
For words to describe how I'm feeling
I'm feeling inspired
My world just flip turned upside down
It turns around, saw that's that sound
It's my heart beat, it's getting much louder
My heart beat, is stronger than ever
I'm feeling alive, I'm feeling alive"

(A twist in my story - Secondhand Serenade)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"In the mourning I'll rise, in the mourning I'll let you die..."

Sem despedidas... Só silêncio e lágrimas. Você disse que seria melhor se eu não estivesse por perto e tudo que eu fiz foi dar o passo que você não conseguiu dar. Sem novas palavras... Sem mais rimas... Só um ponto final para terminar uma das minhas histórias preferidas. Não, não está tudo bem. Mas vai ficar. Com o tempo.


"So many things I should have
Said when I had the chance
So many times we took it all for granted


I'd never thought this would ever end
I'd never thought I'd lose my best friend
Everything is different now
Can we stop the world from turning?"

(The best years of our lives - Evan Taubenfeld)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

"WE ARE PARAMORE!"


Amor platônico. É assim que chamam. É esse o nome que dão quando você adora alguém que jamais terá qualquer indício de que você existe. Não estou aqui para discutir se é bom ou não, saudável ou prejudicial, bonito ou ridículo. Tudo que quero dizer é que quando ela entrou naquele palco, meus joelhos ameaçaram ceder. Quando ela cantou, meu mundo pareceu girar mais devagar e as batidas do meu coração acompanharam o seu tom de voz. Cada sorriso dela fez o meu sorriso surgir e cada riso fez borboletas flutuarem não só no meu estômago, mas em todo o ar à minha volta.

E eu não me importei por não poder tocá-la... Não me importei por não pode dizer a ela o quanto ela significa, o quanto o que ela canta me ajudou quando ninguém estava lá, como as palavras dela são sempre a trilha sonora perfeita para os mais diversos momentos da minha vida... Não me importei que ela não soubesse o quanto a adoro, o quanto adoraria poder abraçá-la por um segundo apenas, o quanto uma palavra dela poderia virar meu mundo de cabeça para baixo mesmo que só por um momento. Não me importei nem mesmo por ela não ter qualquer noção de que eu existo. Tudo que importava era ela, pulando, cantando, gritando, rindo e sorrindo, esbanjando a simpatia e o charme que só ela tem.

Meu mundo girou ao redor dela por uma hora e meia e não importa que o mundo dela não tenha girado ao meu redor, só importa que ela estava lá... Só importa que essa noite vai ficar gravada em minha mente até que eu perca a memória. E mesmo quando isso acontecer, cada momento vai continuar batendo junto com meu coração - o coração que, naquela noite, bateu no ritmo de Paramore. O coração que vai continuar sempre batendo no ritmo de Paramore. Senti... Amor platônico, talvez. Mais admiração do que posso expressar com palavras. E uma felicidade que apenas as lágrimas conseguiram demonstrar. Pode ser bobagem, como eles tanto dizem... Não importa. Nesse exato momento, é a voz dela que está ecoando na minha cabeça. E isso é tudo. Hayley Nichole Williams, obrigada.



"I've never been happier
I've never been happier

No one is as lucky as us
We're not at the end, but
Oh, we already won!
Oh, no, no one
Is as lucky as us,
Is as lucky as us!"

(Where the lines overlap - Paramore ♥)

PS.: As fotos desse post são do show do dia 19.02.2011 que o Paramore fez no Rio de Janeiro. E, yeap, fui eu que tirei. (:

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Das coisas que eu aprendi...

Uma palavra: Decisões. A sua vida é controlada por elas, então, não dê a ninguém a oportunidade de decidir o que quer que seja por você. A vida é sua, não jogue a responsabilidade nos ombros de outros ou irá terminar se perguntando o que diabos fez com seu tempo e suas chances. E tome cuidado: O que quer que você decida, terminará magoando alguém. Não importa se suas intenções são boas, alguém sairá machucado - e talvez você nunca saiba disso. Por isso é muito importante que você tome a decisão certa - e não se deixe enganar: ela não é sempre a mais fácil, mas também não é sempre a mais difícil. E é ainda mais importante que você nunca decida-se por algo que vá te deixar infeliz - além de você ter uma tendência maior de ferir os outros quando está ferido, a vida é curta demais para se perder tempo lamentando. Faça o que te fizer bem, viva com quem te faz sorrir. Agora sacuda a poeira, erga a cabeça e dê o próximo passo. Aproveite enquanto ainda tem todo o tempo do mundo... A gente se encontra na próxima esquina.


"E tudo que tenho são essas duas mãos
Para fazer de mim um homem melhor
(...)

Nem todos sabem que todos vão para um lugar melhor
E nem todos sabem que todos poderiam estar vivendo seus últimos dias
Mas os tempos difíceis virão e nós continuaremos seguindo em frente
Estamos seguindo em frente, continue seguindo em frente..."

(Movin' On - Good Charlotte)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

"o que eu também não entendo"

Se eu fosse estrela, brilharia até mesmo durante o dia - brilharia onde quer que você estivesse. Se eu fosse gota, cairia em forma de chuva em todos os lugares - cairia sempre que você quisesse. Se eu fosse vento, sopraria o tempo inteiro - sopraria para encher seus dias com meu perfume, só pra você não esquecer que nunca te esqueço. Se eu fosse palavra, seria seu nome - assim veria seu olhar a cada vez que me pronunciassem. Não sou nada disso... Sou só garota. Então brinco de ser poeta pra ver se você gosta dos meus versos... E tento encontrar formas diferentes de dizer, mostrar e provar que o que sinto é de verdade. Mas sempre termino no clichê de não encontrar palavras suficientes. Vamos fazer assim, então: Você aceita meu coração, segura a minha mão e a gente procura juntas por aí... Assim você não esquece que te amo e eu não preciso sentir falta de você.


"Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
Oh, if I didn't, I'm a fool, you see
No one knows this more than me..."

(Just breathe - Pearl Jam)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

"Me ensina a solidão de ser só dois..."

Uma atípica noite de verão. No céu, as estrelas brilhavam fracamente por detrás de uma grossa camada de nuvens cinzentas.  Um vento frio cortava o ar, agitando as copas das árvores e fazendo um redemoinho de papéis descartados no chão da rua rodopiar freneticamente. A lâmpada de um poste piscava.

Nada daquilo parecia incomodar a figura solitária que atravessava a desolação do lugar a passos largos. A garota mantinha a cabeça baixa para manter o rosto protegido das chicotadas do vento – e para que nenhum passante ocasional percebesse as lágrimas que escorriam furiosamente pelas suas bochechas coradas

A porta de vidro do prédio que ela acabara de deixar ainda balançava fracamente em suas dobradiças – era um edifício antigo, reformado para abrigar um cinema. Um letreiro luminoso indicava um romance qualquer ao qual ela deveria estar assistindo no momento. Com ele. Mas ela não queria pensar nele naquele momento... Não queria pensar nele nunca mais.

A porta girou violentamente para dentro, produzindo um estrondo ao atingir algo sólido – a parede, provavelmente. O garoto que disparou para a rua, no entanto, não pareceu se importar. Ele, também, parecia alheio a qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Seu objetivo era único – aquela garota alguns metros à frente. E ele correu para alcança-la.

“Espere!”, ele gritou. Ela apertou o passo ao ouvir aquela voz, mas não foi rápida o suficiente. Ele estendeu a mão e segurou o seu pulso, impedindo o seu avanço. “Por favor”.

“O que você quer?”, ela perguntou, girando nos calcanhares para ficar de frente para ele.

O coração da garota pareceu falhar uma batida ao encontrar aqueles olhos – eram castanhos, grandes e brilhantes, como os olhos de um menininho. E aquele rosto... Ah, aquele rosto que mesmo sob uma incomum máscara de seriedade parecia prestes a derreter-se em uma gargalhada, os lábios que pareciam sempre prontos a oferecer um sorriso... O aperto firme e gentil em seu pulso de uma mão de dedos ásperos. Ela poderia se perder naquilo tudo... Poderia se perder naquele garoto de jeans surrados e All Star.

Mas nada daquilo – nenhum daqueles detalhes que ela daria o mundo para ter só para ela – mudava nada. E após dois longos segundos de tontura, seus pés se firmaram no chão com um doloroso impacto e a raiva borbulhou novamente em seu peito. Ela queria bater nele. E beijá-lo. E então bater nele novamente por fazê-la ter vontade de beijá-lo.

“Eu quero você”, ele respondeu. Ela cerrou os punhos, trincou os dentes e fechou os olhos.

E ali estavam elas... As palavras. As mesmas de cinco minutos atrás. De um ano atrás. As mesmas que ela desejara ouvir por tanto tempo... E que ele só dizia agora, quando ela havia finalmente desistido da luta que todos diziam ser perdida. Por que só agora?

“É, você já disse isso antes”, ela murmurou, sua voz soando mais fria que o ar gelado da noite. Ele não pareceu assustado. “Antes de conhecer a minha família complicada, as minhas amigas lunáticas e as minhas manias irritantes”.

“Não, não, você não entendeu!”, ele protestou, puxando-a para perto novamente quando ela fez menção de se afastar. “Eu quero tudo isso também!”.

Ela fitou-o, atônita.

“Mas você disse, quando a gente terminou, que...”, ela começou, confusa.

“Eu sei o que eu disse”, ele interrompeu, sem cerimônias. Ela não se aborreceu, simplesmente esperou. “Mas eu descobri que eu quero tudo isso! Que meus finais de semana não são os mesmos sem as suas amigas lunáticas julgando cada gesto meu e fazendo comentários maldosos. Que minhas noites não tem graça quando não ligo para você com medo de sua mãe atender e desligar o telefone. De novo. Que não consigo ver um filme sem a sua pipoca sem sal, andar pela casa sem você para me mandar tirar os tênis nem usar minha camisa favorita sem você para criticar o quanto ela é ridícula”.

Ela abriu um meio sorriso à menção de todas aquelas coisas. Ela sentia falta de tudo aquilo, era verdade... Mas ele havia terminado com ela. Por tudo aquilo. O sorriso se desfez e ela desprendeu o pulso do aperto do garoto.

“O que você quer, afinal?”, ela gritou, irritada, jogando as mãos para o alto e dando dois passos para longe do garoto. Ele não avançou. Não tentou segurá-la novamente. Não sorriu. Apenas deu de ombros minimamente e respondeu:

“Eu quero você. Você e tudo que vier com você – as brigas, a família complicada, as manias irritantes, as amigas lunáticas. Eu quero que você me bata quando estiver com raiva, que grite comigo, que atire coisas em mim... Quero gritar de volta, me arrepender e te calar com um beijo. Quero que você me abrace quando estiver triste, que chore no meu ombro, que me conte qual o problema mesmo que eu não saiba o que dizer para fazer você se sentir melhor. Quero que você critique minhas roupas, meu corte de cabelo, minha loção pós-barba, o modo como organizo meus livros... Quero detestar cada palavra que você disser, mas terminar admitindo que não conseguiria chegar ao final do dia sem você por perto. Quero esquecer qual a flor que você mais gosta, a sua música preferida e sua cor favorita e, depois de te ouvir gritar durante horas por isso, te lembrar que a minha flor preferida é a que te dei no nosso primeiro encontro, a minha música preferida é a que estava tocando quando nos beijamos pela primeira vez e a minha cor favorita é a cor dos seus olhos. Os olhos mais lindos da galáxia. Os olhos que eu mais amo por serem os olhos da menina que mais amo. E se eu partir seu coração...”.

Você não pode partir um coração partido”, ela interrompeu, seus olhos marejados, os cacos do seu coração palpitando em seu peito.

“Bom, nesse caso eu trouxe isso”, e ele tirou do bolso do casaco preto um tubo de cola branca. Sorriu torto para a garota, dando um passo para perto enquanto ela jogava a cabeça para trás em uma gargalhada lacrimosa. “Porque quero ser o seu único – o único que você odeia, que parte seu coração, que conserta seu coração, que te ama mais que tudo e que você também ama... Um pouquinho que seja”.

“Eu não te amo um pouquinho”, ela protestou, passando os braços pelo pescoço do garoto e roçando o nariz no dele com tranquilidade – como se pretendesse repetir aquele gesto pelo resto de sua vida. “Eu te amo mais que tudo”.

“E eu te amo mais”, ele retrucou, pousando as mãos em sua cintura. E, quando ela abriu a boca para reclamar, ele colou os lábios aos seus.

A chuva caiu. O beijo durou. A história continuou – para sempre, eu espero. Com algumas vírgulas, mas nunca um ponto final.


"When I'm kissing you it all starts  making sense
And all the questions I've been askin' in my head
Like 'Are you the one? Shoud I really trust?'
Crystal clear it becomes when I'm kissing you..."

(Kissing You - Miranda Cosgrove)

Texto escrito para a 55ª edição musical do Projeto Bloinquês (:
PS.: Você sabe que esse texto é pra você... Que eu não chegaria ao final do dia sem você... Que quero ser a sua única mesmo que não saiba o que dizer para as coisas melhorarem.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

"and if you wanna cut yourself, remember that I love you..."

Ela fez uma pausa ao terminar de subir o último lance de escadas, olhando ao redor com certa cautela. A porta branca diretamente em frente a ela tinha um caprichado número 312 gravado em uma pequena placa de bronze reluzente. O corredor estava deserto e silencioso - o que era perfeitamente compreensível já que eram quase quatro da manhã. A única pessoa com quem topara em todo o edifício fora o porteiro, que cochilava em sua pequena cabine, o corpo pendendo perigosamente para frente - ela não se incomodara em acordá-lo.

Adiantou-se com passadas largas e decididas, as tábuas do assoalho rangendo miseravelmente sob as solas de seus All Star. Não parou até alcançar a porta marcada com o número 309. Encarou a porta por alguns momentos, como se esperasse que ela pudesse se abrir por mágica... Não aconteceu. Ela hesitou. Então, ergueu a mão e deu batidas suaves na madeira com os nós dos dedos. Nenhuma resposta. Tentou novamente, dessa vez com um pouco mais de força. Contou os segundos. Dez... Vinte... Vinte e cinco... Um minuto. Ergueu o punho e socou a porta com o máximo de força que encontrou.

"Amy!", gritou, sem se importar com a possibilidade de acordar os vizinhos. "Amy! Eu sei que você está aí, então é melhor abrir logo!"

Mais uma vez, nenhuma resposta - nenhum riso, nenhum gemido, nenhum "Peguei você!". Talvez... Talvez aquilo não fosse brincadeira. Mas a sua cabeça latejava a cada vez que ela pensava nessa possibilidade. Não, não... Ela preferia que fosse apenas uma brincadeira, mais uma piada sem graça da amiga. Tinha que ser. Porque qualquer outra razão para mantê-la trancada em seu apartamento por três dias sem atender o telefone não poderia ser uma boa razão.

Ela apalpou os bolsos do casaco - estavam vazios, exceto pela embalagem do chocolate que ela comera no ônibus. Correu as mãos pelos bolsos dos jeans. Nos bolsos traseiros, não havia nada além de sua identidade, algum dinheiro e o ingresso amassado de qualquer jeito para  Mamma Mia! - ela e Amy deveriam ter passado a noite juntas, primeiro assistindo o espetáculo, depois bebendo até o sol raiar, comemorando os seus aniversários, um seguido ao outro. Mas a garota simplesmente não aparecera e não se dera ao trabalho de lhe mandar uma mensagem de texto, um bilhete ou o que fosse desejando um feliz aniversário. Isso quase lhe dava vontade de dar meia-volta e ir embora dali - seria mais que justo ignorá-la em seu aniversário também, certo? Mas então seus dedos tocaram a superfície fria da chave no fundo do seu bolso esquerdo e ela suspirou.

Ao tirar a chave do bolso e enfiá-la na fechadura do número 309, percebeu, com um choque, que suas mãos tremiam. Respirou fundo, tentando se convencer de que tudo que encontraria ao entrar no apartamento seria sua melhor amiga dormindo pacificamente na cama, com uma garrafa de tequila ao lado e a televisão ligada. Era sempre assim, não era? E foi com esse pensamento quase reconfortante na cabeça que ela girou a maçaneta e empurrou a porta. As dobradiças rangeram. O apartamento estava escuro.

Ela deu um passo para dentro e tateou a parede ao lado em busca do interruptor. Quando a luz se acendeu, quase desejou não tê-lo feito - a sala estava revirada. As almofadas do sofá haviam sido rasgadas e o enchimento estava espalhado pelo chão, a televisão estava jogada de qualquer jeito a um canto, as cadeiras haviam sido violentamente atiradas contra as paredes, os livros tinham páginas arrancadas e manchas de tinta de canetas quebradas. Ela engoliu em seco. Não deu-se conta de que estava correndo até alcançar a porta do quarto - estava vazio, a cama estava feita, todos os objetos estavam em seu devido lugar. A porta do banheiro, no final do corredor, estava fechada - e um fiapo de luz escapava por baixo dela.

Adiantou-se. Não precisou bater para saber que não obteria resposta - simplesmente girou a maçaneta. Estava destrancada. Por um breve instante, titubeou... Então, empurrou a porta para dentro. Quase pensou que estivesse tudo bem - os cosméticos sobre a pia estavam em ordem, não estavam? A escova de dentes e o pente estavam nos lugares certos. O espelho do armário estava intacto. Mas a banheira estava cheia e a água transbordava, escorrendo lentamente pelo piso. Água vermelha. Um braço pendia, pálido, da lateral da banheira.

Ela atirou-se no chão ao lado do corpo mole da garota - seu rosto de cabelos escuros pendia de uma borda, seus olhos fechados com tranquilidade como se ela houvesse passado os últimos dias dormindo. Em uma das mãos, uma lâmina pequena e afiada repousava pacificamente, quase inocente. Seu outro braço, a garota percebeu, era a fonte do sangramento e estava afundado na água suja. Ela estremeceu ao enfiar a mão ali dentro e puxar aquele braço magro e frio para fora - Amy havia entalhado letras na própria carne. Perfeição, era o que diziam as letras. Ao erguer os olhos para o rosto da amiga, percebeu que os seus olhos estavam abertos e a fitavam com certa curiosidade.

"Ah, Amy...", ela murmurou, encostando sua testa à da garota e permitindo que lágrimas frustradas escorressem pelas suas bochechas. "Que droga!"

"Eu sei...", a voz da garota soou baixa, fraca, quase sem vida - os dedos que seguraram a sua mão, no entanto, não poderiam ter mais força. "Feliz aniversário..."

"Idiota... Queria que você soubesse que adoro o jeito que você sorri", ela choramingou, tateando o bolso com a mão livre em busca do celular, discando desajeitadamente o número da emergência, sem desviar os olhos da amiga. "E que odeio essa coisa te consumindo... Que sinto falta te ver feliz. Eu quero a minha Amy de volta. Por favor, por favor, promete que ela vai voltar se eu esperar... Eu posso esperar para sempre se souber que ela vai voltar... Ela era perfeita para mim.".

Um vestígio quase imperceptível de um sorriso espalhou-se pelos lábios pálidos de Amy e a outra riu, um riso baixo e fraco. Abraçaram-se, meio desajeitadas, e ela puxou o corpo da amiga para fora da banheira, enrolando-o em uma tolha seca pendurada ao seu lado. A mão dela não soltava a sua, como se estivesse agarrada à vida, à esperança. E talvez estivesse mesmo... Talvez ela finalmente estivesse lutando.


"Pretty, pretty, please, don't you ever, ever feel
Like you're less than fuckin' perfect
Pretty, pretty, please, if you ever, ever feel
Like you're nothing, you're fuckin' perfect to me..."

(Fuckin' Perfect - Pink)

Texto escrito para a  54ª edição musical do Projeto Bloinquês.  (:
Conto baseado no clipe de Fuckin' Perfect - Pink