sábado, 5 de novembro de 2011

"Ai que saudade d'ocê..."

Eu sou difícil, você sabe. Sou ciumenta a ponto de me aborrecer com o vento que pode bagunçar seu cabelo e detestar a lua que pode velar seu sono. Sou insegura daquele jeito que me faz esconder o rosto no travesseiro e soluçar baixinho até pegar no sono, com a luz acesa e a porta aberta, querendo que você me apareça no meio da madrugada, prometa que vai ficar tudo bem com o nosso amor e me aconchegue no seu abraço quentinho. Sou cabeça-dura e me recuso a acreditar quando me dizem que você me ama, que não te interessa o resto, que posso descansar meus olhinhos assustados agora - não é falta de confiança em você, é só esse meu pessimismo, esse bichinho raivoso em meu peito que insiste em dizer que vai dar tudo errado porque eu te amo tanto. Isso pra não falar que sou tão infantil que entreguei meu coração pra você com fita de cetim pra enfeitar - e isso mesmo depois de passar aquelas tantas horas na frente do espelho, repetindo pra mim mesma que é de desafios que você gosta e que, se eu for toda-sua-só-sua-tão-sua, você não vai mais me querer. (Ah, continue me querendo, por favor...) Eu sou difícil. Sou romântica de um jeito que chega a enjoar, levanto a bandeira de "o amor é a maior coisa nessa vida" e visto a camisa dos sonhadores inveterados. E, Deus, como tenho medo de você enjoar de mim - porque, verdade seja dita, de vez em quando até eu enjoo, só não me largo porque ainda não descobri como. Sou difícil, sou covarde, fujo quando as coisas ficam sérias - e, ainda assim, por você eu fiquei. Fiquei porque te amo, porque com você eu quero as infantilidades do "felizes para sempre", os aborrecimentos das manhãs de segunda-feira, os cafunés das tardes de domingo e tudo que vier no meio disso. Eu sou só eu... Não sou nenhum príncipe encantado, ainda não descobri como engarrafar as estrelas pra te dar. Mas, se você me deixar, prometo lutar para realizar todos os seus sonhos - da casinha de madeira à casa do piano, passando pela casinha de cobertor e com flores lilás te esperando a cada curva do caminho. Eu sei que não sou muito... Mas está vendo esse anel aí no seu dedo da mão direita, menina? Prometo que um dia ele passa pra a mão esquerda.


"I'm already there
Take a look around
I'm the sunshine in your hair
I'm the shadow on the ground
I'm the whisper in the wind
And I'll be there 'till the end
Can you feel the love that we share?
Oh, I'm already there..."

(I'm already there - Westlife)

1 comentários:

Bird disse...

Toda a vez que leio um texto desses não sei se é uma história verdadeira ou ficção...

Eu tendo a achar verdadeira...e dou minha opinião..é um ótimo conto,sucinto,minimalista.